Foi assassinado na madrugada desta terça-feira (25) na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, o contraventor Alcebíades Paes Garcia, irmão do bicheiro Waldomir Paes Garcia, o “Maninho”. Conhecido pelo apelido de Bid, ele foi metralhado quando chegava no condomínio de sua mulher após acompanhar a última noite de desfiles do Grupo Especial na Marquês de Sapucaí.
De acordo com o delegado Antônio Ricardo, diretor do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP), foram disparados dezenas de tiros contra a van onde estava o contraventor. O crime aconteceu na Rua Jornalista Henrique Cordeiro, por volta das 4h30.
Ainda segundo o delegado, parentes do contraventor e o motorista da van estão sendo ouvidos na manhã desta terça-feira (25) na Delegacia de Homicídios, na Barra. Ele adiantou que, segundo as testemunhas, pelo menos dois homens com toucas ninja esperavam a chegada de Bid em um carro preto.
A polícia trata o caso como execução, uma vez que apenas Bid foi baleado. Havia outras pessoas na van que escaparam ilesas. Ele foi atingido na cabeça e no tórax.
Há pelo menos 20 anos não havia assassinato envolvendo a cúpula da contravenção ou seus herdeiros durante o período de carnaval.
Em nota, a Polícia Civil informou que a DH está em busca de câmeras de segurança que possam ajudar na identificação dos autores do crime e que outras diligências estão em andamento para esclarecer o caso.
Jogo do bicho
Bid era apontado pela polícia como um dos chefes do jogo do bicho no Rio de Janeiro. Ele assumiu o posto após o irmão maninho ter sido assassinado em setembro de 2004.
Em outubro do ano passado, a filha de Maninho e sobrinha de Bid, Shanna Harrouche Garcia Lopes, foi vítima de um atentado na Zona Oeste. Ela foi baleada em frente a um shopping na Avenida das Américas, no Recreio dos Bandeirantes, mas sobreviveu.
Histórico da família
Em abril de 2017, o irmão de Shana, Myro Garcia, de 27 anos, foi assassinado. Filho do bicheiro e ex-patrono da Acadêmicos do Salgueiro, Maninho foi executado na Barra da Tijuca.
Em 12 de abril de 2017, Myrinho foi sequestrado ao sair da academia onde malhava, também na Barra da Tijuca. Ele se apresentava como jogador de pôquer e fazia muitas viagens internacionais para participar de torneios, chegando a ganhar US$ 65 mil numa competição no Chile. Por isso, ele não costumava ter sua imagem ligada ao jogo do bicho.
Ele foi morto por sequestradores, ao deixar o carro dos suspeitos, logo após pagar o resgate.
Myrinho tinha 15 anos quando viu seu pai ser assassinado, em setembro de 2004. Ele e Maninho haviam acabado de deixar a academia de ginástica Body Planet, na Freguesia, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, quando o pai foi alvo de disparos. Myrinho também foi atingido, mas sobreviveu.
Maninho tinha 42 anos e respondia por vários crimes, entre eles formação de quadrilha e contrabando, pelo qual foi condenado há seis anos de prisão, em 1993, peja juíza Denise Frossard. Passou três anos e meio preso, sendo solto em outubro de 1996.
Ele era presidente do Conselho Fiscal da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro. Conhecido por ser violento, arrogante e mulherengo, Maninho era temido até pelos bicheiros da velha-guarda.
Seu envolvimento com atividades criminosas ia além do jogo do bicho. Também era dele parte do negócio de caça-níqueis, especialmente os instalados em Copacabana, na Zona Sul.
No Salgueiro, sucedeu o pai Waldemir Garcia, o Miro, na função de patrono. E exerceu seu poder com mão de ferro. Miro era presidente de honra do Salgueiro e membro da cúpula do jogo de bicho no RJ e em outros estados brasileiros. Ele morreu de infecção pulmonar, aos 77 anos, 34 dias após o assassinato de Maninho. Miro estava doente e quase cego.
Fonte: G1