Rio-2016
Alana Martins Maldonado, se você acompanha esporte já ouviu falar desse nome, agora se é Tupãense, com certeza se orgulha da Judoca Medalhista Paralímpica dos jogos do Rio de Janeiro no dia 10 de Setembro de 2016.
Foi sua primeira participação e na oportunidade gravou seu nome na história do esporte mundial.
O começo
Nascida em Tupã no dia 27 de Julho de 1995, ela começou a praticar Judô aos 4 anos de idade por influência de sua avó, que na época era funcionária da academia Acert.
Orgulhosa de sua infância com muitas brincadeiras na rua, sempre descalça e jogando bola, a atleta diz que o esporte sempre foi natural em sua vida.
“Sempre fui uma pessoa muito família e reservada, de poucos e bons amigos que eu sei que posso contar em qualquer situação. Sou muito ligada a Deus e uma pessoa de muita fé”
Superação
Umas das dificuldades da vida da atleta foi a descoberta da doença Stargardt (uma forma de degeneração macular juvenil que causa perda progressiva da visão), perdendo 80% logo no início, aos 14 anos e depois mais 5%. Hoje sua visão total é 15% e sua capacidade visual maior é a periférica.
Ela conta que um dos momentos mais difíceis foi na escola onde sofreu bullyng:
“Infelizmente existem muitas pessoas que não sabem ser amiga e ajudar o próximo, eu senti muita dificuldade e pouquíssimas pessoas me davam as mãos”
Algo que incomodava a judoca era a falta de empatia de algumas pessoas, já que precisava ouvir ditados para conseguir acompanhar o conteúdo escolar. Em sua graduação também encontrou dificuldades, pois a independência sempre fez parte de sua personalidade.
“Hoje eu olho isso de um modo diferente, pois todos temos alguma dificuldade em nossa vida e no dia a dia, seja ela qual for. Sempre precisamos nos adaptar”
Rotina de Treinos
Com uma rotina intensa Alana se dedica integralmente aos treinos que ocorrem de segunda a sábado. Nos dias úteis os treinos ocorrem nos períodos vespertinos e noturnos e aos sábados no período da manhã.
“De segunda, quarta e sexta são os treinos técnicos. Terça, quinta e sábado treinos físicos diurnos e todas as noite faço o Randori que é a prática de luta”
Já próximo das competições cerca de 16 atletas da Seleção Brasileira se concentram para atividades mais intensivas de treinamentos.
A prática de Judô exige muito cuidado com a saúde principalmente com a alimentação porque a atleta luta no peso até 70 quilos. A briga com a balança é diária em ganho de massa muscular e perda de gordura, os cuidados visam também minimizar lesões que a alimentação regrada ajuda evitar.
De olho no pódio
A ascensão da Judoca veio após a conquista do Campeonato Brasileiro em Campo Grande, no final de 2014 e logo após em janeiro de 2015 ela foi convocada para participar da primeira fase de treinamento da Seleção Brasileira. Rapidamente se desenvolveu e entrou definitivamente para o seleto grupo.
Em abril de 2015 veio a convocação para os Jogos Mundiais da Coreia do Sul onde conquistou a medalha de Bronze e assim carimbou sua vaga nos jogos Rio-2016.
“Quando eu conquistei o Brasileiro tudo começou acontecer muito rápido, foram várias viagens naquele ano visando a preparação para os Jogos Paralímpicos”
Palmeiras
Alana entrou no Palmeiras através do seu técnico pessoal Denílson Moraes Lourenço, o Zóio, que já participou de duas olimpíadas e foi treinador na Acert, logo em seguida assumiu como técnico do Palmeiras.
Alexandre Garcia e Jaime Bragança também são técnicos de Alana Maldonado pela Seleção Brasileira de Judô.
“Meus ídolos no esporte são os meus técnicos, o trabalho que eles realizam é extraordinário, a inteligência e a capacidade deles de transmitir conhecimentos é admirável. Sou privilegiada e tenho muito orgulho dos meus professores”
Reconhecimento
As Olimpíadas são amplamente divulgadas e comentadas, não só no ano de acontecimento mas em todo o período que antecede as competições, as Paralímpiadas não recebem todos esses holofotes, injustamente; pois é o maior evento de superação do planeta, bate marcas próprias, realiza novos movimentos, quebra recordes e alcança voos cada vez mais altos.
“A diferença de tratamento entre atletas das duas competições são grandes e sem explicações, pois somos iguais em rendimento. Temos grandes medalhistas Paralímpicos e ainda vejo que o peso das medalhas são diferentes”
O CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro) está desenvolvendo um grande trabalho de divulgação após o Rio-2016, porém o espaço da mídia precisa ser maior e mais intenso.
“Nunca desista dos seus sonhos, não abaixe sua cabeça, pois as dificuldades fazem parte da vida. Se supere e busque sempre seus objetivos, com certeza você pode chegar lá”, finalizou a Medalhista.
Conquistas:
Medalha de Prata – Jogos Paraolímpicos Rio-2016.
Tetracampeã Brasileira 2014/2015/2016/2017
Bronze Mundial IBSA 2015 Seul/Coreia Individual
Bronze Mundial IBSA 2015 Seul/Coreia
Equipe Vice Pan-americana 2015 Toronto/Canada
Vice-Campeã Paulista 2015 por faixa Preta
Bicampeã GP Infraero Internacional 2015/2016
Bicampeã German Open 2016/2017 Heidelberg/Alemanha
Campeã Grand Prix Inglaterra 2016 Birmingham/Inglaterra
Campeã Pan-Americana 2017 São Paulo/São Paulo
Campeã IBSA World Cup 2017 Uzbequistão
Campeã Mundial 2018 – Portugal
Alana também já ganhou inúmeros prêmios importantes em sua carreira, entre eles: Atleta da Galera (2019) e Melhor Atleta Paralímpica do País (2018).
A atleta é patrocinada por: Segment – Soluções Ópticas, Loterias Caixa, Time São Paulo (Governo Estadual), Bolsa Pódio (Governo Federal), Unimed Marília, Sociedade Esportiva Palmeiras, AMEI, CPB e CBDV.