O ministro da Saúde, Nelson Teich, disse nesta quarta-feira (6) que não é “contra ou a favor” da adoção de bloqueios totais (lockdown), e admitiu que a medida pode ser necessária em algumas situações
“Vai ter lugar em que o lockdown é necessário, vai ter lugar em que eu vou poder pensar em flexibilização. O que eu preciso é que a gente pare de tratar isso de uma forma radical, até pra que a gente tenha a tranquilidade de poder implementar as medidas em cada lugar do país onde a melhor coisa vai ser feita naquela situação.” – Nelson Teich, ministro da Saúde
O ministro disse que a meta é “flexibilizar o dia a dia das pessoas”, mas que as medidas dependem dos dados sobre a preparação do sistema de saúde e da curva de mortes em cada local.
“Quando a gente fala em isolamento, distanciamento, existem vários níveis. O importante é que não há defesa de isolamento ou não isolamento, você vai ter vários níveis de medidas. Desde as mais simples, como distanciamento pequeno, até o lockdown. Cada local terá sua necessidade. O importante é que a gente vai mapear. Você cria uma matriz, com casos novos, infraestrutura, evolução e vê em que esta região está. Não é ser contra ou a favor, é ver o que é certo. Vai ter lugar com lockdown, vai ter lugar que não terá”, afirmou o ministro.
Flexibilização e regras em vigor
O decreto que impôs a quarentena foi prorrogado ao menos cinco vezes em Santa Catarina e, desde que entrou em vigor, estão proibidas aulas, eventos em geral e transporte coletivo. Inicialmente, o governo permitiu somente os setores considerados essenciais, como farmácias, mercados, distribuidoras de água e gás, e postos de combustíveis, por exemplo.
Porém, aos poucos, foi flexibilizando algumas normas, autorizando a construção civil, profissionais liberais, comércio de rua, restaurantes e hotéis, shoppings, academias, cultos e missas e a volta das atividades físicas em espaços ao ar livre, como praias, parques e praças. Nesse ínterim, também se tornou obrigatório o uso de máscaras por parte da população para ir a qualquer estabelecimento.
Após reabertura do comércio, casos de coronavírus triplicam em SC
Ruas de Florianópolis ficaram cheias na manhã após a reabertura do comércio. — Foto: Diorgenes Pandini/NSC
Estudo feito por pesquisadores de quatro universidades aponta que aumento pode estar fora de controle. Estado passou de 826 infectados para 2,7 mil em três semanas
Os novos casos de coronavírus em Santa Catarina mais que triplicaram desde que foi autorizada pelo estado a volta do comércio de rua, no dia 13 de abril. Naquela data, eram 826 pacientes com Covid-19, quantidade que subiu para 2.795 na terça-feira (5). No mesmo período, as mortes aumentaram de 26 para 58.
No dia 12 de abril, o estado tinha 776 infectados. No dia 19, eram 1.025, diferença de 249 casos. Após mais sete dias, em 26 de abril, o número foi para 1.337, ou seja, mais 312 pacientes. E, no dia 3 de maio, Santa Catarina registrava 2.519 pessoas com coronavírus– mais 1.182 novos casos em relação à semana anterior.
Somente no dia 28 de abril, o governo registrou 519 casos novos em relação ao dia anterior, a maior variação em 24 horas até agora.
O achatamento deixou de existir desde o dia 28 de abril, sendo consequência provável da liberação de 13 de abril, explicou Oscar Bruna-Romero, um dos pesquisadores envolvidos. Ele é professor de microbiologia da UFSC e especialista em doenças infecciosas e vacinas.
“O gráfico mostra claramente como os casos se desviaram radicalmente da tendência de achatamento que teríamos em abril e já estão marcando um aumento fora de controle. Os dados [usados] são os oficiais. E sabemos que estão subnotificados. Os números reais são muito maiores”, disse .
Em Blumenau, que assim como a maioria das cidades catarinenses, permitiu que as lojas reabrissem a partir da data estabelecida pelo estado, o número de casos de Covid- 19 triplicou desde então: eram 68 pacientes infectados, quantidade que já chegou a 241, conforme última atualização divulgada pelo governo catarinense.
Fonte: G1