Golpistas conseguem ter acesso ao aplicativo de outras pessoas e se passam por elas para pedir dinheiro. Veja como se prevenir
“Oi, td bem? Tô precisando de uma ajuda sua. Fui fazer uma transferência, mas como já paguei uns boletos de manhã, fiquei sem limite. Você consegue pagar da sua conta pra mim e amanhã eu já te devolvo sem falta?”
Se algum contato já te mandou uma mensagem assim, provavelmente ele foi vítima de um golpe cada vez mais banal: o do WhatsApp clonado.
O crime começa quando o golpista pega um número de celular na internet, geralmente de sites de anúncios, e liga para a vítima relatando um falso problema no cadastro. Para corrigir, ele diz que vai enviar para a pessoa um número de protocolo, e pede que a pessoa passe para ele o código de seis dígitos que vai chegar por SMS. Mas esse código é, na verdade, os números para instalar o aplicativo em outro aparelho.
Quando o golpista tem acesso ao código, na mesma hora ele toma conta do WhatsApp da vítima que fica bloqueado e passa a pedir dinheiro aos contatos como se fosse a pessoa. Quem acredita estar ajudando um conhecido, amigo ou parente faz a transferência para a conta de um “laranja” e provavelmente nunca mais recupera o dinheiro.
“Só R$2.500”
Em um áudio que viralizou nas redes sociais, um criminoso tenta dar o golpe, mas o homem percebe porque já tinha recebido a mesma ligação horas antes. A quase vítima então pergunta se muita gente ainda cai na conversa que os golpistas passam. “Se eu fizer 50 ligações no dia, em umas 39 eu consigo o código”, diz o golpista, para espanto do interlocutor.
Perguntado se as pessoas chegam a transferir o dinheiro, o golpista tira onda. “Hoje eu só consegui R$ 2.500. Ontem consegui R$ 4.500. R$ 6 mil em dois dias tá bom, né? Imagina R$ 20 mil em duas semanas? É gostoso, vou falar pra você”, debocha. (O marginal errou a conta, que daria R$7.000)
Quem pratica esse golpe, além de estelionato, pode responder por organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Esse é um golpe que faz, no mínimo, duas vítimas: quem teve o aplicativo clonado e quem recebe o pedido de empréstimo. Quem for lesado deve sempre registrar boletim de ocorrência.
Mas quem tem o WhatsApp clonado dificilmente procura a polícia, já que o transtorno de perder o acesso ao programa é resolvido depois de sete dias. E quem faz a transferência do dinheiro também evita registrar queixa, já que a chance de recuperar o prejuízo é remota.
Por isso, não há estatísticas sobre o número de vítimas em São Paulo. Algumas secretarias de Segurança Pública de outros estados fizeram até cartilhas com orientações para que as pessoas não caiam na fraude.
Dica para não ter o Whats clonado
A maior dica para não ser vítima da clonagem de WhatsApp é desconfiar de mensagens pedindo dinheiro, mesmo que seja de um filho, pai, irmão. Basta uma ligação à pessoa que está enviando a mensagem para frustrar o golpe. Se não for possível ligar, peça uma mensagem de áudio, ou pergunte como o contato te conhece, por exemplo.
Outra maneira de se prevenir da clonagem é configurar a verificação em duas etapas no WhatsApp. Dessa forma, além do código de seis dígitos que os golpistas pedem, também é preciso inserir uma senha numérica (definida pelo usuário) para instalar o aplicativo. Veja como fazer:
- acesse o menu de três pontos, no canto superior do aplicativo;
- depois toque em Conta e em seguida em “Confirmação em duas etapas”;
- você deverá configurar um PIN (senha numérica) e um endereço de e-mail para recuperação da conta caso se esqueça da senha.
A grande maioria dos aplicativos tem essa verificação em duas etapas. É importante ativar essa configuração para tornar a fraude mais difícil.
Fonte: G1 (ouça o áudio)