Eleições 2020
Jornalistas Ailime Piva e Muryllo Simon
Cesar Augusto Coelho Donadelli, popular Dr. Cesar, nasceu em 30 de dezembro de 1953, é casado com a também médica Drª. Maria Lucília de Sampaio Mattos Donadelli e tem três filhos. Cesar é graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), fez Residência na mesma escola, em Cirurgia Geral e Cirurgia do Tórax. É Pós-graduado em Gestão Empresarial avançada pelo projeto Faap-Unimed-Harvard e MBA em Gestão de Serviços de Saúde pelo projeto Faap-Unimed-Wharton.
Sempre dedicado a saúde, fundou a Unimed em Tupã, onde foi presidente por duas gestões. Foi Diretor de Marketing e Mercado na Unimed Centro Oeste Paulista. É idealizador da Sociedade Beneficente São Francisco de Assis e seu presidente por 11 anos, sendo também Presidente da Associação Paulista de Medicina, regional Tupã. Donadelli exerceu o cargo de Vice-Prefeito Municipal da Estância Turística de Tupã por dois mandatos consecutivos entre os anos de 2005 a 2012, e também já esteve à frente da Secretaria Municipal de Saúde.
Em sua entrevista, Dr. Cesar Donadelli enfatiza a política como missão, pontua alguns feitos, experiências e afirma que pode fazer melhor. Além disso, que acredita muito em Tupã, na força do município para crescer.
Confira a entrevista
1 – O que te motiva sair como pré-candidato a prefeito em Tupã?
O que me motiva é saber que eu posso fazer melhor, então eu não posso me furtar a não dar meu nome a apreciação popular neste momento, sabendo que eu posso fazer melhor, não dormiria tranquilo. Se eu durante as eleições for eleito, ótimo, vou tentar executar tudo aquilo que tenho em mente, se eu não ganhar, pelo menos eu tentei, eu tentei levar para a população uma mensagem de esperança e que o futuro pode ser muito melhor do que se pinta hoje, com trabalho e união principalmente. Alguns falam, você não precisa disso, tem uma vida estável, e eu digo: então vocês estão me dizendo que política é emprego? Para mim não. Eu tenho outra visão de política, política para mim é missão, se eu vou assumir um negócio desse, estou assumindo uma missão.
Eu acredito muito em Tupã e na força que temos para crescer. É só a gente se unir mais e arregaçar as mangas que a gente vai chegar lá, sair vitoriosos, vamos ter dificuldades sim, o ano que vem será um ano muito difícil, mas de muitas alegrias também!
2 – Quando e em que nível já esteve ou está dedicado a alguma ação de interesse público?
Foram dois mandatos de vice-prefeito. Trabalhei muito com o SUS no Hospital São Francisco, eu sempre fiz questão quando estava lá, que o Hospital atendesse o SUS, a maioria falava para parar de atender SUS e atender só particular. E eu falava: primeiro que não pode, porque nossa cidade não é tão grande, nem uma cidade do potencial econômico desse tamanho que vocês estão pensando, então a gente tem que trabalhar com o SUS sim. E a população precisa, está provado agora quando fechou um hospital, como a Santa Casa ficou sobrecarregada, e isso está mais que provado que precisa dos dois hospitais e do SUS, é fundamental que se faça isso. Depois, recentemente com todos os problemas, dívidas que foi acumulando, por ser um hospital beneficente, mas com viés de particular, convênio e essas coisas, as ajudas políticas são muito menores, então foi diminuindo e diminuindo.
A maior passagem minha, foi realmente quando eu fui secretário, lá no começo do primeiro mandato, ali realizei muitas coisas, a UPA de Tupã, eu fui buscar o SAMU (Tupã teve um SAMU pronto e montado), que acabou indo embora porque as outras cidades que tinham se comprometido a financiar junto, pois usariam o SAMU (estrutura regional), não quiseram mais. Consórcio Regional de Saúde, nasceu aqui, na minha gestão, alguns PSF’s que nós temos hoje, inclusive com os distritos tendo atendimento do jeito que tem hoje, foi todo um trabalho daquela época, precisa mexer, precisa sim. Tem muita coisa para se fazer ainda, porque parou um tempo naquela época pra cá, e nós vamos ter que melhorar. Então, essa foi a época que estava mais ligado à execução. Como vice-prefeito, eu trabalhei muito também, tem muita coisa que foi conquistado com o nosso trabalho, claro é uma parceria, eu tinha parceria com o prefeito, trabalhamos juntos, então não era nem um nem outro, a gente fazia, não tinha nenhum tipo de briga. Tupã progrediu bastante naquela época, e eu estava lá, é motivo de me sentir orgulhoso. Eu acredito que como prefeito eu posso fazer muito mais, se a gente conseguir levar a nossa visão para a Prefeitura, vamos conseguir muito mais.
3 – Com a pandemia do novo coronavírus diversos serviços na área da saúde foram minimizados ou interrompidos, a exemplo, cirurgias eletivas. Como você vê a saúde pós-pandemia?
Primeiro esta pandemia vai se tornar endêmica durante algum tempo. Epidemia é quando existem muitos casos de uma vez em vários lugares, explode de casos, enche hospitais, já endêmica é quando ela se torna crônica na população, ela vai continuar contaminando, até que exista uma vacina realmente eficaz.
A saúde parou, muita gente com medo, hospitais parados, muitas alas de hospitais fechadas e isso causa uma demanda futura muito grande, em consultas, principalmente de especialidades, cirurgias que pararam. Como resolver isso? Com financiamento, por exemplo. Vamos precisar fazer mutirões para resolver o problema. Mas será que o Estado vai poder financiar isso? Gastou tanto com a pandemia. Essa é uma pergunta inteligente, porque gastou, e não só o Estado, mas a União. Mas existem saídas, com as verbas dos deputados, e eu vejo uma saída interessante para Tupã, e para o país inteiro, com as Emendas Impositivas (50% delas serão para a saúde, mas se conseguirmos sensibilizar nossos vereadores, poderemos conseguir 100% para saúde neste primeiro ano). Vamos fazer frente a estas demandas reprimidas. Nós temos que buscar saídas, e elas existem. Claro, teremos que contar com a colaboração de todos, e no ano que vem vamos precisar muito disso, colaboração. Não importa partido, porque será um problema da cidade, todos teremos que pensar no nosso município.
4 – Temos visto em Tupã um ativismo intenso em relação aos animais de rua. Qual a sua posição sobre o assunto, visto que envolve a temática saúde pública?
Eu acho inadmissível que em uma sociedade civilizada exista homens e animais abandonados, a gente não pode permitir que aconteça isso. Como médico, digo que isso tem total ligação com a saúde pública, a leishmaniose está aí, hoje ela já é uma endemia, nós precisamos resolver esse problema.
Nosso Centro de Zoonoses foi feito no meu tempo, pequeno, mas está funcionando. Porém, chegou a hora de ter alguma coisa maior. Está na hora de recolher esses animais, castrar eles, curá-los, colocar chips para saber onde eles estão, e fazer um programa de adoção em nossa cidade. Todas as sociedades protetoras podem nos dar guarida nessa ideia, com união, nós podemos sim fazer um grande abrigo de animais, com assistência, com tudo que precisa. Hoje precisamos de um programa de castração que abranja os gatos também, não só cachorros, porque com esse problema de leishmaniose deram somente atenção para os cães e agora você vê um grande número de gatos por aí. O caminho é esse, pode demorar, pode parecer um pouco sonhador, mas é a única maneira de fazer, não existe outra.
5 – Educação é uma preocupação recorrente e acreditamos que ela é capaz de profundas transformações. Hoje estamos vivendo grandes desafios nesta área, tanto na educação básica, universitária e técnica. Você pretende manter a educação como uma de suas prioridades nos planos futuros?
Não quero tratar ela como prioridade, quero que ela seja muito mais do isso. Educação é a única saída, não tem outra. Saúde conserta, remenda, faz prevenção, mas o único caminho que existe para ter uma nação forte é a educação, e não tem outro. Nós precisamos pensar muito bem naquilo que nós queremos. Primeiramente precisamos saber que a educação depende fundamentalmente do que? De professor, e hoje em dia nosso professor é muito desvalorizado. Como nós podemos valorizá-lo? Por meio de cursos, reciclagem, e claro remuneração. Não é possível resolver isso em 4 anos, mas podemos começar e resolver isso ao longo do tempo.
Tupã hoje tem creche para 100% das crianças? Sim, o que faltar está fácil para fazer. Mas nosso ensino básico, que é da primeira a nona série, tem necessidade que ele seja em período integral. Isso é prioridade do primeiro dia de meu mandato até o fim. Tem gente que vai falar, mas no Estado não é assim, então não tem como fazer. Tem sim! É só fazer um projeto de segundo turno e estender. Posso colocar todo mundo nesse projeto do segundo turno. Nós já temos veículo para isso, a educação tem dinheiro nesse sentido. Então por que não colocar no segundo turno? Por que deixar a criança em casa, ociosa, se o pai e mãe trabalham? Por que deixar a criança na rua? Por que deixar apenas meio período na escola se o programa de educação alimentar diz que eu devo dar alimentação para essas crianças?
Vocês já estão vendo com esse tempo que estamos parados a dificuldade de muitas famílias. Alimentação é fundamental. Então se eu consigo deixar uma criança na escola das 8h da manhã até 17h, pelo menos três refeições essa criança terá no dia. Isso é importante, isso é segurança alimentar. Elas estarão bem nutridas. Existe programas que auxiliam. Agora, vamos pensar um pouco, o Programa Nacional de Alimentação manda o dinheiro, e vamos utilizá-lo na Agricultura Familiar, com Quilometro Zero, nós vamos gerar emprego e renda na nossa cidade, se vamos pagar alimentação, vamos fazer ela sair daqui, tem que ser feita aqui, das nossas hortas, do nosso entorno. A Prefeitura deve gerar emprego e renda. Então é isso, da primeira a nona todos incluídos no programa de educação integral, sai da rua e vai praticar esporte, reforço escolar.
Além de tudo isso, que o ensino secundário seja profissionalizante, atualmente temos Paula Souza, Instituto Federal, Paulo Stort, todos eles podem fazer profissionalização. Assim vamos resolver outro problema, que é a capacitação para o primeiro emprego. Não podemos apenas oferecer emprego, temos que capacitar também. Isso precisa caminhar junto, sem esse tipo de visão não vamos chegar a lugar nenhum.
Sobre o Instituto Federal, devemos trabalhar para transformar ele em campus pleno, ele teria capacidade para ter 5.000 alunos, inclusive com engenharia. Aumentar a UNESP, tudo isso cresceria o polo educacional que Tupã é.
6 – Na atualidade, o cidadão tem maior facilidade ao fazer críticas, apontar sugestões e, infelizmente, disseminar fake news. O chefe do executivo é essencial no processo de comunicação. Você pretende estar disponível para responder e/ou esclarecer os fatos que envolvem o interesse público?
A internet deu voz para toda a população, e pela quantidade fica difícil muitas vezes você filtrar o que é certo ou errado, por isso que a informação verdadeira é muito importante para orientar o cidadão. Sempre que estive na Prefeitura fiz questão de uma comunicação aberta para esclarecer de maneira correta as dúvidas da comunidade. Inclusive eu acredito que toda a equipe de governo deve participar, o secretário deve ter voz. Cada um deve dar informações sobre a sua pasta, nada melhor que o técnico, dando informação técnica. E também aproveitar a oportunidade de responder a imprensa, se a Imprensa oferece essa abertura, todos devemos aproveitar para informar sempre a população, sejam as boas notícias ou as más, porque o que não pode é aparecer só quando é coisa boa. É necessário alertar, explicar, é muito necessário, para gerar credibilidade, confiança. A informação é fundamental.
7 – Quais os desafios, na sua opinião, das eleições 2020 diante do cenário atual?
Vai ser uma guerra de informação, nós vamos ter muitas fake news, sem dúvidas, mas a nossa visão é assim, a gente vai levar para a população uma proposta séria, honesta de trabalho. Não vamos ficar prometendo aquilo que a gente não pode cumprir, mas a informação vai ser de trabalho. E trabalhar muito! Vai ser mais difícil, sim. Na eleição nós teremos que trabalhar com as redes sociais, já que nós temos restrições, o boca a boca devagarinho, tendo uma boa diretriz na internet, com credibilidade, propostas claras, a internet vai ser de fundamental importância mais uma vez, e o povo vai ter que escolher. O que nós pudermos fazer, faremos, vamos até a população como a gente poder chegar.
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“Estamos passando por tempos difíceis, e não é só Tupã, é o mundo. É uma prova dura, um caminho que a gente está aprendendo trilhar no dia a dia, mas a gente tem muita esperança, não podemos perder a esperança. Uma liderança nesse momento tem que trazer esperança para a população e o compromisso de trabalho, de estar junto. O poder público no ano que vem tem que estar ainda mais junto do povo, fazendo uma gestão compartilhada, responsável, uma gestão que tenha compromisso social, e isso é fundamental para pensar na parte econômica diante do que estamos vivendo. Que o nosso povo acredite que é possível ter uma gestão que trabalhe e ouça o povo. Que tudo que o povo quer, é impossível fazer, seria ótimo se pudesse, mas temos que prestar atenção que o bom líder é aquele que provê as necessidades reais e não às vontades. E nós temos que estar abertos para as necessidades reais da população. E gostaria muito, se eleito for, de ter uma Câmara trabalhando junto com a gente, porque ninguém vai estar trabalhando para o prefeito, mas para a população, e por isso que a união é importante!”