A soldado Ana Flávia Vasconcelos do Carmo, que atua na prontidão do Corpo de Bombeiros, em Presidente Venceslau, é exemplo de determinação e vontade de viver. Há quatro anos ela descobriu um nódulo na mama esquerda quando estava prestes a ingressar no curso de formação dos bombeiros. Semanas depois, veio a notícia que ela não queria receber: o câncer. Hoje, aos 32 anos, ela teve que deixar os projetos de lado novamente para lutar contra a doença.
Era janeiro de 2016, e Ana Flávia exercia sua vocação no 4º BPM/M (Batalhão de Polícia Militar Metropolitano), na região de Perdizes (SP). A descoberta do câncer de mama foi em fevereiro, quando já estava na segunda semana do curso de formação. Devido à situação, afastou-se da rotina de trabalho para se dedicar ao tratamento.
“Fiz quimioterapia, cirurgia de mastectomia e radioterapia”, lembra a soldado, que durante todo aquele ano esteve aos cuidados da equipe do ICESP (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo).
“O tratamento não foi fácil. Estava cheia de dúvidas e medo”, afirma. “Confesso que fui forte e me surpreendi comigo mesma, pois ninguém está preparado para enfrentar essa doença”.
Em janeiro do ano seguinte, curada, Ana Flávia retomou os planos e, no Corpo de Bombeiros, foi transferida a Venceslau, mas com receio de que não pudesse exercer o serviço operacional por conta da cirurgia. Porém, a insegurança foi passageira e ela entrou para a prontidão – trabalho que demanda força e exercício físico constante.
Pronta para o combate
Em maio deste ano, através de exame de rotina, foi novamente diagnosticada com um tumor, porém, na mama direita.
“Eu não esperava que fosse acontecer pela segunda vez”, lamenta. “Além da força de Deus, conto com o apoio da minha família, noivo, colegas de trabalho e amigos que estão me motivando a lutar”, afirma. E mais uma vez, os planos tiveram que ficar de lado. Um deles é o casamento, já adiado por conta da pandemia; e o sonho de ser mãe.
“Estou tentando levar a vida da melhor forma possível, procuro não pensar muito na doença”, conta. Mesmo em tratamento, continua no serviço operacional, inclusive por recomendação médica.
“Me surpreendi comigo mesma. Meu médico disse que se eu estivesse bem para trabalhar, poderia continuar, não tinha nenhum problema e que seria bom para mim”.
Uma prova de amor
No trabalho, a bombeira tem um companheiro especial, o noivo Ricardo Tiago de Souza, 38 anos. Ao lado de Ana Flávia há nove anos, presta todo o apoio na luta da noiva contra o câncer de mama.
“É meu grande parceiro. Foi e continua sendo essencial no meu tratamento nas idas e vindas de São Paulo”, afirma. Tamanha a cumplicidade, que Ricardo também raspou os cabelos quanto percebeu que a noiva os perderia.
“Disse que não vai deixar o cabelo dele crescer até acabar meu tratamento”, conta a bombeira, emocionada.
Apesar da difícil luta, ela afirma que está esperançosa e pronta para vencer mais uma batalha. “Aguardo para fazer a cirurgia mastectomia e, após, a radioterapia. Tenho certeza que tudo isso é um propósito de Deus. Serviu e serve de lição e experiência, porque vemos o mundo de outra forma”, considera.
“Levo minha vida tranquila, um dia de cada vez”.
Fonte: O Imparcial digital.