Entenda o prejuízo de um crescimento urbano desenfreado, aliado à falta de planejamento

O primeiro conceito acerca de desenvolvimento sustentável surgiu no início da década de 1970, com o nome de ecodesenvolvimento, em meio a uma controvertida relação entre crescimento econômico e meio ambiente, sendo ampliado pelo economista Ignachy Sachs, que defendia, além da preservação ambiental, questões culturais, sociais e econômicas.

O ecodesenvolvimento é o conjunto de práticas que estimula o desenvolvimento global desses diversos aspectos e as transformações do meio com a ajuda de técnicas ecologicamente prudentes e que evitam o desperdício.

Acreditava-se que o déficit de recursos naturais seria superado por avanços na área tecnológica.

Esse pensamento ficou conhecido como sustentabilidade fraca, por não entender que alguns recursos naturais não podem ser substituídos pela ação humana.

Segundo a corrente neoclássica, a redução da degradação ambiental seria sanada por meio de mecanismos de mercado. Assim, se uma determinada matéria-prima correntemente comercializada está em falta, o preço é elevado, forçando os fabricantes a inovar, reduzindo os seus custos, sendo assim possível substituir o recurso natural escasso por outro abundante.

Na década de 70, iniciou-se o debate sobre a questão ambiental. Em 1972, a conferência da ONU, realizada na cidade de Estocolmo, na Suécia, foi o marco inicial das problematizações globais sobre as mudanças climáticas e seus efeitos implicados na humanidade. O foco do evento foi buscar a cooperação dos agentes internacionais.

Anos mais tarde, em 1992, as Nações Unidas promoveram a Cúpula da Terra, realizada na cidade do Rio de Janeiro, ficando conhecido como ECO 92 ou RIO 92, prolongando o debate iniciado duas décadas atrás.

O pilar da conferência foi a consolidação do termo desenvolvimento sustentável.

Com os crescentes desastres ambientais e a escassez de recursos sendo divulgada pela mídia ”uma nova conscientização ambiental aflorou na sociedade“ e, esta passou a cobrar dos governos e empresas um posicionamento quanto às questões ambientais.

É importante ressaltar que as primeiras iniciativas na definição de soluções para o problema dos impactos ambientais causados pelo homem começaram a surgir e impulsionaram as empresas a buscar medidas sustentáveis em sua produção, com investimentos em ações para reduzir a poluição, a energia, os desperdícios, substituir matéria prima não renovável por renovável, reaproveitamento de resíduos gerados nos processos produtivos e comercializa-los.

O conceito de sustentabilidade significa a existência da “possibilidade de se obterem continuamente condições iguais ou superiores de vida para um grupo de pessoas e seus sucessores em dado ecossistema”.

A partir do entendimento do conceito acima, pode-se entender o conceito de desenvolvimento sustentável como uma conjugação e articulação de objetos sociais, ambientais e econômicos, com o objetivo de racionalizar a utilização dos recursos naturais em prol da sociedade.

O planejamento urbano pautado em crescimento econômico contradiz, fundamentalmente, a ideia mesma de desenvolvimento sustentável, sendo necessário operar uma mudança de perspectiva e começar a pensar o crescimento urbano como uma variável determinada pela disponibilidade de recursos naturais renováveis.

A empresa Faber Castell é considerada modelo na utilização sustentável de recursos. Além de ter certificação de manejo florestal responsável, a empresa recebeu uma certificação que garante sua neutralidade quanto à emissão de gás carbônico. Além disso, desenvolveu uma tecnologia de verniz à base de água que não agride o meio ambiente e tem a política de reutilizar os resíduos da madeira utilizada para a fabricação de seus produtos, a fim de gerar energia na forma de vapor. Possui também programas socioambientais próprios, como o projeto Animalis, que há vinte e quatro anos monitora e identifica os animais que vivem dentro dos parques florestais da empresa

Progressivamente, o crescimento urbano torna-se um problema com consequências ambientais perceptíveis, como, por exemplo, o aumento da emissão de CO2. Dessa forma, é necessário que as percepções com base no planejamento das cidades sejam transformadas e produzam ambientes urbanos sustentáveis, com o objetivo de prover bons padrões de vida para seus habitantes, sem prejudicar de maneira profunda os mecanismos ambientais que a sustentam.

Afinal, toda cidade tem por base de sustentação os recursos da geografia natural e por isso mesmo deve planejar e reformular sua utilização com parcimônia e ponderação.

No entanto, não se pode ignorar o fato de que essa responsabilidade não recai apenas sobre os governos ou grandes corporações.

Os esforços no sentido de tornar as cidades mais inteligentes e sustentáveis partem de uma visão de longo prazo, integrada na própria população, que será, em última instância, a maior beneficiada com qualquer programa dessa natureza.

É essencial voltar às inovações tecnológicas para que o consumo dos recursos na vida urbana seja reestruturado de forma a permitir um crescimento que não provoque reverberações negativas para a mesma estrutura que o sustenta.

Para tanto, as cidades inteligentes devem utilizar fontes alternativas de energia, priorizando a utilização de recursos renováveis.

Além disso, também devem prezar pelo uso do transporte coletivo, implementar campanhas de conscientização para promover a reciclagem, bem como reduzir o desperdício e a poluição.

Com a conjunção de um planejamento urbano bem estruturado e as ferramentas tecnológicas disponíveis no mercado, deve-se buscar atingir uma sociedade que se desenvolve sem comprometer o futuro de seus cidadãos.

A sustentabilidade como ideal, tanto para as sociedades quanto para as organizações, adquire um papel cada vez mais importante na medida em que os recursos naturais são esgotados.

O crescimento urbano desenfreado, aliado à falta de planejamento e direcionamento para a sustentabilidade, cria mazelas sociais profundas.

A sustentabilidade, para ser encarada em toda a sua amplitude, pode ser dimensionada em oito pontos de vista diferentes que lidam com realidades distintas, porém possuem o mesmo direcionamento em comum.

É preciso reformular o planejamento urbano das cidades, a fim de que possam ser contempladas de maneira equânime e com a minúcia necessária para produzir ambientes urbanos menos agressivos aos ecossistemas dos quais dependem, além de proporcionar uma qualidade de vida melhor aos seus habitantes.

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Sobre o autor

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Carlos Henrique Luques Ruiz

Dr. Carlos Henrique Luques Ruiz - Advogado; Pós Graduado em Direito Tributário; Perito Contábil; Pós Graduado em Gestão Pública com ênfase em Cidades Inteligentes. Membro do Conselho Regional de Prerrogativas da 18ª Região da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de São Paulo

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