Casos de AVC têm aumentado entre jovens 

Embora o AVC (Acidente Vascular Cerebral) seja uma condição mais comum em adultos mais velhos, a incidência em jovens e pessoas de meia idade tem crescido nas últimas décadas – aproximadamente um quarto dos AVCs acontecem em pessoas com menos de 65 anos. Nos últimos dias, a modelo Hailey Bieber, de 25 anos, esposa do cantor Justin Bieber, revelou em rede social que havia sido hospitalizada depois de sofrer uma emergência médica que incluía “sintomas semelhantes a um derrame”. “Eles descobriram que eu tinha sofrido um coágulo de sangue muito pequeno no meu cérebro, o que causou uma pequena falta de oxigênio”, contou.

Uma pesquisa publicada em janeiro deste ano, na edição especial Go Red for Women 2022 do jornal médico Stroke, da American Stroke Association – uma divisão da American Heart Association – identificou que mulheres com 35 anos ou menos eram 44% mais propensas a ter um AVC isquêmico (causado pela falta de sangue em uma determinada área do cérebro devido a vasos sanguíneos bloqueados) do que os homens.

De acordo com as últimas informações disponíveis no painel de Mortalidade do DataSUS, dos anos 2000 até 2019, 174.355 pessoas até 49 anos morreram no Brasil, em decorrência de doenças cerebrovasculares. 

Para os pesquisadores, são necessários mais estudos para definir melhor as diferenças de gênero no AVC isquêmico em adultos jovens, e as contribuições para o problema. No entanto, o cenário reforça a necessidade de alerta sobre certos hábitos que podem influenciar esse aumento da incidência dos casos, e as formas de prevenção, principalmente, entre o público que está na fase da juventude, ressalta a presidente da Rede Brasil AVC e presidente-eleita da World Stroke Organization (Organização Mundial de AVC), Dra. Sheila Cristina Ouriques Martins.

“Atualmente, há mais casos de obesidade, diabetes e hipertensão na camada jovem e essas doenças estão diretamente relacionadas ao AVC. Há, ainda, fatores como má alimentação e sedentarismo, que aumentam o risco”, destaca.  Tabagismo, uso excessivo de álcool e colesterol elevado são pontos que podem somar à origem do AVC.

Outro ponto de atenção é o estresse. Pesquisa divulgada na revista médica The Lancet, no ano passado, mostrou que pessoas que trabalhavam mais de 55 horas por semana tinham uma chance 33% maior de ter AVC do que as que trabalhavam entre 35 a 40 horas semanais.

As mulheres têm fatores de risco especiais que devem ser considerados. O uso de anticoncepcional oral, principalmente se associado ao fumo ou em mulheres com mais de 40 anos, pode aumentar o risco de AVC; terapia de reposição hormonal também, assim como gravidez e puerpério. “A enxaqueca com sintomas visuais, que é muito, mais comum em mulheres, também pode ser um fator de risco para o AVC”, pontua Dra. Sheila.

Tipos de AVC, sinais e socorro imediato

Existem dois tipos de AVC: o isquêmico, que ocorre quando falta sangue em alguma área do cérebro – sendo o mais comum e correspondendo entre 80% e 85% dos casos; e o hemorrágico, quando um vaso (do tipo artéria, raramente uma veia) rompe.

Entre os sinais de alerta mais comuns estão fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo; confusão mental, alteração da fala ou compreensão; alteração na visão, no equilíbrio, na coordenação, no andar, tontura e dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente. 

A cada minuto em que o AVC isquêmico não é tratado, a pessoa perde 1,9 milhão de neurônios. “Por isso, identificar rapidamente os sinais e o socorro ágil evita o comprometimento mais grave que pode deixar sequelas permanentes, como redução de movimentos, perda de memória, prejuízo à fala e diminui drasticamente o risco de morte”, salienta Dra. Sheila.

Ao perceber qualquer sinal, o SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (192) deve ser imediatamente acionado.

Por: Predicado Comunicação

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