O inverno só começa dia 21 de junho, mas o frio intenso dominou boa parte do Brasil nos últimos dias. A onda de ar gelado chegou até ao Norte do país e deve perdurar até o início da próxima semana. Há condições para que, principalmente no Sul, temperaturas negativas durem até o dia 20 de maio, mas o cenário atípico alivia a partir de segunda-feira (23).
A meteorologista da Metsul Meteorologia Estael Sias afirma que as regiões Norte e Nordeste podem ter “um refresco”, mas Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Serra do Rio de Janeiro, Centro e Sul de Mato Grosso continuam com previsão de frio. Segundo ela, esse cenário congelante tem duas explicações principais:
O resfriamento do Oceano Pacífico Equatorial antecipou e intensificou as ondas de frio, disse. E o ciclone, “anômalo e intenso”, empurrou o ar polar para o interior do continente até o interior do Brasil (Centro-Oeste e Sudeste). “Quando o ar polar tem trajetória continental chega com força maior”, explica a especialista.
Devido ao La Niña, a meteorologista alerta para períodos gelados ao longo dos próximos meses. “A expectativa é de um inverno com potencial de frio mais frequente e intenso devido ao fenômeno. Esse cenário será sentido, principalmente, no Centro-Sul do país, de uma forma geral”, diz Sias. Nas cidades de Urubici e Bom Jardim da Serra, na região serrana de Santa Catarina, assim como em São José dos Ausentes, nos campos de cima da Serra Gaúcha, houve registro de neve nessa semana. Até que os termômetros voltem a subir, no começo da próxima semana. O Centro-Sul continua com registrando frio intenso, com mínima de 7°C na capital paulista e quedas significativas nos extremos da cidade.
Há possibilidade de geada, diz o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). No Rio Grande do Sul, o ar mais seco e polar derruba as mínimas até domingo (21). “Teremos alguns dias de manhãs geladas, marcas negativas e geadas. Importante ressaltar que a temperatura poderá baixar de zero também no Sudeste, na serra da Mantiqueira, entre o Sudeste de Minas Gerais e Nordeste de São Paulo”, explica Sias.
Frio intenso e prejuízos Esse frio mais forte que o normal, com muitos dias seguidos de marcas muito baixas, causa danos. A geada, por exemplo, deixa prejuízos no setor agrícola e impacta no setor econômico, encarecendo ainda mais a cesta básica. “Quando temos o fenômeno climático La Niña nessa época do ano, além de antecipar, ele pode se potencializar e prorrogar o frio”, explica. “Ainda não fechamos nosso prognóstico de inverno, mas essa onda gelada, inclusive, pode estar presente no início da primavera. É algo a se observar nesse ano de 2022.” O Inmet aponta que as geadas poderão impactar os cultivos de milho e feijão, que se encontram em fases sensíveis.
Hortaliças e culturas perenes como o café, a cana-de-açúcar e as frutas também estão em risco, alerta a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A queda de temperatura e a maior intensidade de geada podem ocasionar a chamada temperatura letal, ou seja, que promove danos mais graves e irreversíveis às culturas.
Fonte: UOL Notícias.