Tupãense Paulo Raymundo, coordena desenvolvimento de sensor que revela presença de agrotóxicos diretamente das cascas dos vegetais

Dispositivo feito com material vegetal de baixo impacto ambiental permite que agrotóxicos sejam rastreados em poucos minutos, garantindo a segurança dos alimentos

Tupãense Paulo Raymundo coordenou pesquisa do sensor

Um time de pesquisadores das Universidades de São Paulo (USP) e Federal de Viçosa (UFV) acaba de dar um passo gigantesco na garantia da segurança alimentar. Sob a coordenação do Tupãense, Paulo Augusto Raymundo Pereira, pesquisador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP) , eles desenvolveram um dispositivo capaz de detectar a presença de agrotóxicos diretamente nas cascas de frutas, legumes e verduras.

Esse dispositivo, feito de um material sustentável chamado acetato de celulose, originado da polpa de madeira, promete revolucionar a forma da qualidade dos alimentos que consumimos diariamente.

Sensores eletroquímicos podem combinar economia, detecção rápida, miniaturização, conveniência, praticidade, alta seletividade e detecção de pesticidas no local (foto: Paulo Augusto Raymundo Pereira)

Os cientistas conduziram uma série de experimentos para testar a eficácia do sensor. Pulverizaram uma solução contendo pesticidas comuns em folhas de alface e cascas de tomate. O dispositivo demonstrou uma capacidade de detecção excepcional, proporcionando resultados precisos e confiáveis.

“Como alternativa, os sensores eletroquímicos podem combinar economia, detecção rápida, miniaturização, produção em larga escala, conveniência, praticidade, alta seletividade e detecção de pesticidas no local, permitindo a análise diretamente na casca e nas folhas dos alimentos com sensores vestíveis nas plantas – e foi o que fizemos”, Paulo Augusto Raymundo Pereira, pesquisador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP) e coordenador da pesquisa.

 “Mas, em vez de materiais tradicionais ambientalmente insustentáveis e que necessitam de muito tempo para se degradar, como os cerâmicos ou polímeros plásticos derivados do petróleo, utilizamos o acetato de celulose, material de origem vegetal que tem baixo impacto ambiental e se desintegra completamente em 340 dias, dependendo das condições do local. Além de possuir, é claro, as características apropriadas para sensores, incluindo baixo custo, portabilidade e flexibilidade.”

Além disso, o estudo investigou métodos de limpeza dos vegetais para reduzir a presença de agrotóxicos. Embora alguns métodos tenham sido eficazes na redução dos resíduos, ficou evidente que a eliminação completa ainda é um desafio.

“Todos os resultados indicam que as etapas de lavagem e imersão não foram suficientes para remover os resíduos de pesticidas. Pelo menos 10% das substâncias permaneceram na casca do alimento” , diz Raymundo.


De acordo com o pesquisador, a tecnologia poderia ser útil para agências internacionais de vigilância sanitária, produtores de orgânicos para certificação da ausência de pesticidas e, principalmente, produtores rurais, com a função de monitorar os níveis de agrotóxicos no campo com a aplicação da dose necessária em cada ponto da lavoura. Dessa forma, seria possível diminuir o uso dessas substâncias e aumentar a produtividade, levando ainda a uma redução do preço final ao consumidor.

Essa descoberta não apenas promete um avanço significativo na segurança alimentar, mas também aponta para uma possível redução no uso desenfreado de produtos químicos na agricultura. Financiado pela FAPESP e com a colaboração de uma equipe multidisciplinar de pesquisadores, esse estudo representa um marco na busca por soluções mais sustentáveis e seguras para a produção de alimentos.

Além da equipe do IFSC-USP, participaram do trabalho os pesquisadores Samiris C. Teixeira, Nilda de F. F. Soares e Taíla V. de Oliveira, da UFV, e Nathalia O. Gomes, Marcelo L. Calegaro e Sergio A.S. Machado, do Instituto de Química de São Carlos (IQSC-USP).

Para saber mais sobre essa fascinante descoberta, confira o artigo completo aqui!

Com informações de Julia Moióli  |  Agência FAPESP.

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