
Documentário acompanha a jornada de Lidiane Krenak na preservação da etnia Krenak após décadas de apagamento histórico causado pela ditadura militar

Filme tem cinco exibições gratuitas no interior de São Paulo durante o Abril Indígena
Aerofólio Filmes/ Divulgação
O filme “Museu Oeste: Um Novo Olhar Krenak”, dirigido por Tatiana Cantalejo e produzido pela Aerofólio Filmes, produtora especializada em projetos de impacto e capacitação audiovisual socioambiental, será exibido gratuitamente em cinco sessões no interior de São Paulo, entre os dias 13 e 17 de abril, em comemoração ao Abril Indígena e à Semana dos Povos Indígenas.
“Museu pra nós é tanto memória passada como memória futura. Museu nunca é só guardar, é, dentro dele, também encontrar o futuro”, diz a Cacica Lidiane Krenak a seus alunos indígenas em uma das cenas do filme. O documentário revela a luta incansável da Cacica para preservar a identidade cultural de seu povo, garantindo que o legado Krenak não seja esquecido e que seja transmitido às próximas gerações.
A obra segue a trajetória da líder da Terra Indígena Vanuíre, no interior de São Paulo. Por meio da museologia, Lidiane resgata a memória de seu povo, duramente impactado pelo regime militar, e promove um diálogo intergeracional profundo sobre cultura, ancestralidade e os desafios de manter vivas as raízes Krenak.
Distribuído pela ARCADIA, distribuidora de impacto brasileira, após a exibição, haverá um debate com a diretora Tatiana Cantalejo e a Cacica Lidiane Krenak, proporcionando uma reflexão sobre a importância da preservação da memória e das culturas indígenas no interior paulista e no Brasil.
Programação:
- 13 de abril (sábado) – Pré-estreia oficial no Centro Cultural Matarazzo, em Presidente Prudente, às 16h. Com red carpet, ação ativista e apresentação de dança da aldeia.
- 15 de abril (segunda-feira) – Sessão especial no Museu Histórico de Presidente Prudente, às 19h30, com apresentação cultural e debate.
- 16 de abril (terça-feira) – Sessão universitária na UNESP de Presidente Prudente, às 19h, com mesa de debate acadêmica e especializada.
- 17 de abril (quarta-feira) – Exibição no Museu Índia Vanuíre, em Tupã, às 19h, encerrando a programação com ação ativista e a presença do Grupo de Dança Rhundhun Krenak Vanuíre, coordenado por Lidiane, celebrando os cantos e rituais ancestrais da etnia.

Aerofólio Filmes/ Divulgação
Os Krenak, originalmente da bacia do Rio Doce, em Minas Gerais, enfrentaram séculos de violência e deslocamento forçado, especialmente durante a Ditadura Militar, quando muitos de seus membros foram presos e torturados, enquanto outros foram forçados a se mudar para locais como a Fazenda Guarani, Ilha do Bananal e o Posto Indígena Vanuíre, no interior de São Paulo. Criado por Burum Rím (João Batista) e Tomiak (Helena Cecília), os pais de Lidiane, o Museu Akam Orãm Krenak, localizado na Terra Indígena Vanuíre, é um símbolo importante da revitalização da identidade Krenak no interior de São Paulo.
O filme inclui cenas rodadas em Tupã, no Museu Índia Vanuíre, um dos apoios logísticos à produção, além de passagens pelo Museu Akam Orãm Krenak, em Arco-Íris, e pela Escola Maple Bear Marília.
Incentivado pela Lei Paulo Gustavo do município de Presidente Prudente, o documentário foi rodado em apenas oito dias e teve uma pesquisa apurada de Tatiana Cantalejo, diretora e roteirista, junto à Cacica Lidiane Krenak para, somente então, desenvolver o que seria abordado no filme:
“Tudo o que está na tela passou por aprovação prévia da Lidiane. Debatemos cada detalhe do que seria filmado e, somente então, chegamos com a equipe. As pessoas pensam que documentário é simplesmente ligar uma câmera e filmar, mas é essencial agir com ética e reconhecer as relações de poder que uma câmera impõe, especialmente ao lidar com culturas diferentes. O meu compromisso e da Aerofólio Filmes é evitar ao máximo narrativas ‘extrativistas’, nas quais impomos o que queremos, sem buscar refletir a realidade ou o pensamento daquela comunidade. Documentários não precisam ser totalmente filmados no ‘aqui’ e no ‘agora’; muitas vezes, precisamos entender os limites do que e de quem está sendo filmado. Como minha professora Suzana Amaral (diretora de “A Hora da Estrela”) sempre dizia: ‘Fazer filme é fácil. Pensar o filme é que é difícil.’ E isso se aplica ao documentário também”, afirma Tatiana Cantalejo.
Após as exibições no oeste paulista, “Museu Oeste: Um Novo Olhar Krenak” segue para o circuito de festivais e sessões internacionais, com a proposta de alcançar outras capitais e regiões brasileiras.

Rebeca Krenak, filha de Lidiane, cuida do Museu na ausência da mãe
Aerofólio Filmes/ Divulgação
A entrada é gratuita, e a participação é aberta a todos, oferecendo uma experiência única que destaca e reforça o compromisso com a preservação e o respeito pelas culturas indígenas no interior do estado.
Sobre a diretora

Tatiana Cantalejo
Aerofólio Filmes/ Divulgação
Tatiana Cantalejo é cineasta e socioambientalista. Formada em Cinema pela FAAP, atualmente cursa Gestão Ambiental na UNIFAL-MG. Sócia-fundadora da Aerofólio Filmes, dirigiu o premiado curta O Canto das Pedras.
Com experiência em produções para plataformas como Netflix, Globoplay e Max, Tatiana também atua como facilitadora de oficinas em territórios vulneráveis às mudanças climáticas e coordenou a comunicação da Conferência Climática Regional de Juventudes Latinoamericanas (YOUNGO), das Nações Unidas, em 2024.